O mundo dos investimentos tem atraído cada vez mais pessoas, à medida que as opções vão sendo cada vez maiores e os sistemas de acesso a elas cada vez mais simplificados. No entanto, isto tem levado muitas pessoas a acharem que investir é a melhor forma de ganhar dinheiro e que rapidamente vão viver apenas e só dos seus investimentos. Será que isto é verdade?
Hoje em dia ouvimos falar de investimentos maravilhosos, de investidores incríveis, de estilos de vida luxuosos e tudo o resto que nos encha os olhos e o coração. Isso leva a que muitas pessoas acreditem que a melhor forma de ganhar dinheiro é investindo aquele que já têm e que isso as levará à riqueza financeira e à tal vida de luxo rapidamente.
Lamento, mas, viver rapidamente de investimentos é um engano.
Quanto mais tempo passo neste mundo das finanças pessoais e quanto mais pessoas conheço, mais me convenço de uma coisa muito simples: a melhor forma de ganhar dinheiro continua a ser trabalhar. Podemos trabalhar para uma empresa, como trabalhador independente ou abrir a nossa própria organização mas, no final de contas, estaremos sempre a trabalhar e é daí que iremos retirar a maioria, ou até a totalidade dos nossos rendimentos.
Desde que se começou a falar do FIRE (Financial Independence, Retire Early) ou Independência Financeira que se glorificou o rendimento passivo, ou seja, aquele que recebemos sem fazer nada. Isso é atrativo, entendo. É também real. É possível ganhar dinheiro sem fazer nada. Basta pensarmos no momento em que recebemos dividendos dos nossos investimentos ou juros das nossas aplicações. No momento em que temos o rendimento, efetivamente, não fizemos nada. Isso é rendimento passivo no seu estado mais puro. Há quem inclua o investimento de arrendamento imobiliário neste grupo mas aí tenho muitas dúvidas que seja realmente passivo, já que é um tipo de investimento que continuamente necessita da nossa atenção para que continue a funcionar.
Qual é o grande desafio no rendimento passivo? É que para que ele seja criado e realmente relevante nas nossas vidas, o investimento que temos de fazer para o criar é, também ele, considerável. É um daqueles casos em que precisamos de dinheiro para fazer dinheiro.
Vamos a um exemplo e utilizarmos o famoso S&P500 e a sua rentabilidade histórica anual dos 10%, brutos, claro.
Se quisermos receber 1.000€ por mês, desse investimento, ou seja, 12.000€ por ano, então teremos de colocar lá 120.000€. Teoricamente, ao final de um ano, os 120.000€ cresceram 12.000€, os tais 10%, que nós retiramos, e deixamos lá os 120.000€ para o ano seguinte. Isto seria o cenário ideal em que o índice valoriza 10% todos os anos e sabemos que isso não é verdade. No entanto, mesmo que assim fosse, precisaríamos de ter esses 120.000€ lá alocados e isso é um capital bastante considerável, ainda para mais num país com rendimentos tendencialmente baixos.
Quererá isto dizer que não vale a pena investir? Claro que não é nada disso.
O investimento deve fazer, na minha opinião, parte da nossa vida financeira, adaptado, claro, ao nosso perfil de investidor e aos nossos objetivos.
A mensagem que me parece importante passar é que numa fase inicial não é o investimento que vai mudar a nossa vida, já que ele precisará de tempo para crescer e para que a sua rentabilidade realmente seja relevante para nós.
Até lá, a melhor forma de aumentar os nossos rendimentos é trabalharmos para eles.
É importante que vejamos os investimentos, sejam eles quais forem, como um multiplicador dos nossos rendimentos e da nossa riqueza e não a fonte deles. Se fizermos tudo bem ao longo de vários anos, aí sim, poderemos viver deles.
Todos estes conceitos de rendimento ativo, rendimento passivo, investimentos e outros são abordados no meu livro "Pensar, Poupar, "Ganhar".
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