Este artigo começa com um chavão: "O dinheiro não é tudo!".
Tenho de concordar com esta frase e acredito que quem estiver a ler também concordará que há muito mais na vida do que o dinheiro.
Sabem qual é a grande vantagem e, simultaneamente, desvantagem do dinheiro? A quantidade dele que conseguimos acumular é, teoricamente, infinita. Há sempre mais alguma coisa que podemos ter ou mais algum valor que conseguimos poupar. Por este motivo, quem estiver 100% dedicado a acumular o máximo de dinheiro possível pode ver-se a braços com um objetivo inalcançável.
Para quem anda nesta vida de ter as suas finanças pessoais em dia, seguramente já se deparou com inúmeras situações em que o tema "tempo" é mencionado como uma componente importante desta jornada como, por exemplo:
Começar a poupar/investir o mais cedo possível, ganhando assim tempo
Investir a longo prazo, tendo assim tempo para rentabilização e não ficando sujeito às variações do dia-a-dia
Criar fontes secundárias de rendimento para que possamos reformar antes do tempo, caso queiramos
Hoje, neste artigo, lanço-vos um desafio e uma pergunta: quanto vale uma hora do vosso tempo?
Vamos a um exemplo: O José ganha 1000€/mês e trabalha 8 horas por dia. Assim, uma hora do trabalho do José valerá 5,68€ (1000€ / 22 dias úteis / 8 horas).
Com o objetivo de ganhar mais, o José arranja um part-time que lhe paga 400€ por 4 horas diárias.
Assim, com o somatório dos dois trabalhos, uma hora do trabalho do José irá valer 5,30€ (1400€ / 22 dias / 12 horas)!!
Então mas o José está a trabalhar mais 50% de tempo do que antes, ganha 40% mais dinheiro mas o valor/hora baixou?
Sim, exato. Isto significa que há mais dinheiro a entrar (e que por vezes é necessário, atenção) mas, na prática, o número de horas a mais não estão a compensar.
Querem saber o pior? Ao contrário do dinheiro que é infinito, o tempo é finito, por isso haverá uma altura em que não existirão mais horas no dia ou no mês para preencher com outros trabalhos, por isso a quantidade de dinheiro que entra acabará por estagnar, se depender apenas da vossa disponibilidade de horário.
Chegamos assim ao ponto essencial do artigo: a limitação do trabalho ativo, ou seja, o risco de dependermos apenas da troca do nosso tempo por dinheiro.
Vamos agora imaginar que o José tem o seu trabalho full-time dos 1.000€ e 8 horas por dia mas que tem, simultaneamente, um qualquer produto de investimento ou poupança que lhe "paga" 100€/ano, sem ter de fazer nada. Estes 100€/ano representam 8,33€/mês que contam para o seu rendimento mas que não acrescentam horas de trabalho. Assim, o valor/hora do José aumentou, "por milagre", para 5,73€.
Como os 0,05€ de diferença no valor/hora e os 8,33€/mês podem não ser suficientes para explicar o ponto de vista, vamos a um outro exemplo.
O José tem o seu trabalho full-time dos 1.000€/mês e 8 horas por dia mas tem, simultaneamente, um imóvel arrendado por 500€/mês que lhe consome 1 hora por mês (emissão de recibos, conversa com inquilino, etc). Isto significa que o valor/hora do José passou agora para 8,47€ porque tem uma fonte de rendimento muito significativa mas que não exige o seu tempo. Na prática, este imóvel paga-lhe 500€/hora de trabalho!
Penso que este segundo exemplo já foi mais claro do potencial que existe se pensarmos neste rácio € / hora.
As fontes de rendimento ativas (aquelas em que trocamos o nosso tempo por dinheiro) são necessárias e fundamentais e são muito poucos aqueles que se escapam delas em algum momento. No entanto, deve fazer parte do nosso objetivo desde o dia 1 da nossa jornada financeira, a constante procura de fontes de rendimento alternativas que não dependam do nosso tempo.
Idealmente, num futuro mais ou menos longínquo, o José terá 4 casas a pagarem-lhe 500€/cada e a consumirem-lhe 1 hora de trabalho por mês e terá a tal poupança ou investimento a pagar-lhe 100€/mês sem nenhum trabalho, o que significa que terá um rendimento total mensal de 2100€ por apenas 4 horas de trabalho por mês (uma manhã, portanto), e isso é algo que acho que faz parte do objetivo de todos nós que aqui andamos :)
Os exemplos de rendas e poupanças são apenas isso: exemplos. Há uma enormidade de formas de criar rendimentos alternativos e tendencialmente passivos. Basta sermos criativos, confiantes e fazermos aquilo que nos parece correto.
E tu, já sabes quanto vale uma hora do teu tempo?
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