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Foto do escritorSérgio Rodrigues

Como giro o risco da minha carteira?

Uma das questões que surge mais frequentemente associada aos investimentos é o medo do risco, o que se traduz na habitual frase "quero ganhar muito dinheiro, sem o risco de o perder". Se pensas desta forma, prepara-te para sentir a desilusão já que o potencial de ganho é diretamente proporcional ao potencial de perda e é mesmo assim que as coisas funcionam.


Como giro o risco da minha carteira?

Se te sentes com a mentalidade certa para ter ganhos acima do normal com os teus investimentos, prepara o teu estômago também para ter perdas acima do normal. Se não te sentes confortável com isto, então não avances com o investimento.


Uma das estratégias mais habituais e eficazes para minimizar o risco de uma carteira de investimentos é a diversificação, o que significa que em todo o momento o teu portfolio inclui uma combinação de diferentes ativos (ações, obrigações, ouro, etc.) que irão passar individualmente pelas suas próprias subidas e descidas de valor mas que se equilibram uns aos outros já que é muito pouco frequente uma subida ou descida de todos os tipos de produtos ao mesmo tempo. É verdade que com esta estratégia de diversificação podes estar a perder o crescimento do mercado de ações, por exemplo, enquanto este atravessa uma valorização brutal, mas pensa que é a mesma diversificação que te vai proteger de uma desvalorização brutal do mesmo mercado quanto este acontecer (e vai acontecer algum dia)!


Até agora já descobriste alguns pontos importantes, nomeadamente:

  • a importância de perceber o teu nível de risco

  • a mentalização de "se há probabilidade de ganho, há probabilidade de perda"

  • a relevância de uma carteira diversificada


Conheceres a tua tolerância ao risco é um passo fundamental assim que começas a investir, já que isto irá guiar o teu processo e servir de orientação sempre que começa um novo mês e estás a colocar os teus 20% na poupança ou investimento. Há inúmeras formas, fórmulas e sugestões para o cálculo deste risco além, claro, da tua própria intuição que, habitualmente, está errada já que é comum ser demasiado conservadora ou demasiado aventureira.


Sendo assim, vou deixar aqui a estratégia que eu uso no meu próprio portfolio por me parecer lógica e possível de ser adotada por todos.


Se já leste outros artigos, sabes que o processo da tranquilidade financeira é um projeto de longo prazo, ou seja, ires persistentemente e frequentemente alimentando os teus investimentos para que eles comecem a trabalhar e gerar dinheiro para ti. Li há uns tempos o seguinte: "Alimenta a tua fogueira frequentemente e com tanta lenha quanto possível para que seja impossível extinguir o fogo."


Com este longo prazo em mente, e sabendo que deves ter os investimentos mais arriscados durante tempo suficiente para ficares "imune" às variações do curto prazo, isto significa que o risco da tua carteira deve ser adaptado ao tempo que tens disponível, ou seja, o risco do teu portfolio deve diminuir à medida que a tua idade avança. Faz sentido?


De acordo com o Pordata , a esperança média de vida em Portugal ronda, neste momento os 81 anos, número este bastante alinhado com a média europeia.


A este dado vamos juntar o Synthetic Risk Reward Indicator (SRRI), um indicador que surge habitualmente nas informações dos nossos investimentos e que classifica os mesmos de acordo com o seu risco, e consecutivamente, o seu ganho potencial. Para os investimentos que não mencionarem especificamente o nível de risco, será possível obter ou calcular a volatilidade do mesmo facilmente e enquadrá-lo nesta tabela:


SRRI Index

Assim, com estes dois indicadores (esperança média de vida e SRRI) em mente, criei a seguinte fórmula para calcular o nível de risco adequado ao teu portfólio em qualquer altura:

Como giro o risco da minha carteira?

Para ser mais simples e intuitivo, vou-te mostrar em gráfico o comportamento da fórmula, para veres a evolução do nível de risco ao longo da vida de alguém nascido em 1985.


Como giro o risco da minha carteira?

O que isto mostra é que o risco diminui de uma forma constante ao longo do tempo, indo desde o nível máximo ao início em que és jovem e adolescente, em princípio sem grandes compromissos, passando depois pelo nível "intermédio" de 4 por volta dos 35 anos, altura em que tendencialmente já terás a tua vida muito orientada profissionalmente e pessoalmente, continuando a reduzir até ao nível 1, atingido perto dos 70 anos onde pretendes ter descanso e poucas preocupações com os teus investimentos. Percebes a lógica desta fórmula? Em qualquer altura da tua vida apenas tens de fazer a conta e terás um indicador fiável e lógico de quanto risco deves correr.


Agora, quer isto dizer que se tens 35 anos e estás no nível 4 não podes ter investimentos de nível 7 (ações, por exemplo)? Claro que não!


Este nível de risco é o associado à tua carteira total de investimentos, ou seja, a média do nível de risco deve estar enquadrada com o resultado que obténs desta fórmula. Assim, se estás no nível 4 mas tens 50% do teu portfolio em ações (tendencialmente, nível 7), deves ter os outros 50% da tua carteira em produtos muito seguros, de nível 1, para que se equilibrem um ao outro.


Ter o nosso nível de risco bem definido é essencial para o sucesso dos nossos investimentos e estará diretamente ligado ao resultado dos mesmos.


Existem, obviamente, outras fórmulas diferentes de cálculo e ainda a própria intuição do investidor mas esta é, para mim, a forma que faz sentido e que tenho aplicado.


No fundo, só tu saberás a tua própria tolerância ao risco 🙂


1 comentário

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Sergio Lopes
Apr 21, 2021

Olá Sérgio, Gostei da fórmula para calcular o nível de risco.

Aliás, creio que grande parte das pessoas/investidores menospreza o risco e acha que tem mais tolerância ao risco do que realmente tem. A verdade é que, como bem dizes, cada uma de nós tem de encontrar o ponto em que nos deitamos tranquilos. Uma coisa tenho aprendido, aumenta o património, aumenta a idade e diminui a minha tolerância ao risco.

Abraço

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