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Foto do escritorSérgio Rodrigues

Como se distribui a população em Portugal?

A distribuição da população Portuguesa é um tema antigo e que motiva debates e discussões frequentes. Se, por um lado, há a concentração nas grandes cidades e o abandono das localidades mais pequenas, há também a concentração junto ao litoral, levando ao abandono das zonas do interior do país.

Genericamente falando, as pessoas procuram as grandes áreas metropolitanas, principalmente Lisboa e Porto por aí se concentrarem também as maiores oportunidades de emprego. Essa concentração, por sua vez, atrai mais pessoas e gera-se um efeito bola de neve difícil de romper. Aliado a tudo isto, tem-se assistido um pouco por todo o país mas, mais uma vez, principalmente nestas áreas a um aumento generalizado dos preços de venda e arrendamento de imóveis, os quais se começam a tornar incomportáveis para muitos habitantes. Juntamos a isto o efeito Alojamento Local e a situação fica pior ainda, criando altas diferenças entre zonas do país.


De acordo com esta notícia do idealista, um preço médio de um T2 em Lisboa chega perto dos 400.000€, enquanto que na Guarda não chega aos 60.000€. Sim, é isso mesmo. Pelo preço médio de um T2 em Lisboa compras 6 casas na Guarda e ainda sobra alguma coisa. É certo que tudo isto são médias e valem o que valem mas não deixa de ser uma estatística interessante.


Com tudo isto em cima da mesa, o ano de 2020 e o COVID-19 trouxeram uma nova realidade para muita gente: o teletrabalho. De acordo com esta notícia do Observador, mais de 560 mil pessoas estiveram em trabalho no último trimestre de 2020. Sabemos que a pandemia há-de passar e muitas pessoas deixarão de fazer parte deste número mas também sabemos que muitas empresas (e funcionários) estão a aderir a este método de trabalho que, total ou parcialmente, parece ter vindo para ficar. Ora, acabando a obrigatoriedade de me deslocar todos os dias para um local físico de trabalho, posso estar em qualquer lado do mundo, bastando uma ligação de Internet e consigo fazer o meu trabalho, caso as minhas funções assim o permitam. Isto permite-te, se assim o quiseres, deixar de estar em Lisboa ou no Porto mesmo que a tua empresa aí esteja.


Isto deixou-me a pensar: numa perspetiva de imobiliário o meu dinheiro vale muito mais na Guarda do que em Lisboa, como referi no exemplo há pouco. Se agora as pessoas podem estar em qualquer lado e isso não afeta o seu trabalho, que locais de investimento podem ser potencialmente interessantes? Agarrei-me ao fiel amigo PORDATA e fui tentar perceber a evolução da população por município, e encontrei algumas coisas muito interessantes. Partilho abaixo o ficheiro em Excel já com as contas e fórmulas feitas para depois poderes tu também avaliar.



Primeiro ponto: o total da população residente em Portugal era em 2019 era de 10.286.333 pessoas distribuídas por 308 municípios.


No topo da lista temos Lisboa (508.368), Sintra (389.918), Vila Nova de Gaia (300.205), Porto (215.945) e Cascais (213.041). Este top 5 de municípios (1,5% do total) junta 1.627.477 pessoas (15% do total).


No outro extremo da lista temos Corvo (465), Lajes das Flores (1.464), Barrancos (1.640), Santa Cruz das Flores (2.165) e Alcoutim (2.202). Estes 5 municípios menos habitados totalizam menos de 8.000 pessoas em conjunto.


Até aqui parece não haver grandes surpresas mas estas começam a aparecer quando vemos além disto e começamos a analisar a variação de população em vários municípios ao longo dos anos. No caso de Lisboa, por exemplo, este município fica em primeiro lugar desde 2009 (pelo menos) como aquele com mais habitantes. No entanto, o município perdeu 42.000 pessoas ao longo destes 10 anos, numa quebra superior a 7,5%. O município do Porto, que se tem mantido no quarto lugar da tabela, perdeu 11% da sua população residente em 10 anos. Isto parece muito mas não é nada quando comparados com os 28% perdidos em Alcoutim, 22% em Gavião ou 21% em Almeida.


Do lado positivo da tabela em crescimento percentual de habitantes, a mesma é liderada por Arruda dos Vinhos que viu a sua população residente crescer quase 18% em 10 anos. A seguir na tabela vem Alcochete (16,5%), Montijo (16%), Mafra (15,3%) e Odivelas (12,6%).


Lembras-te do Corvo? O último da lista em termos de habitantes? Cresceu 11,5% em 10 anos. Tinha 417 pessoas em 2009 e em 2019 tinha 465.


Resumindo toda esta informação, retiro para mim algumas conclusões:

  • Os lugares na lista mantêm-se relativamente estáveis e mesmo com os ganhos e perdas dos municípios ao longo do tempo, as grandes concentrações nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto permanecem;

  • Com o aumento de preços nos centros, os residentes procuram soluções cada vez mais longe e isso reflete-se no aumento de habitantes de outros municípios até agora menos habitados;

  • O teletrabalho poderá trazer novas oportunidades dada a descentralização de emprego e isso poderá ajudar a revitalizar algumas zonas do país. Por exemplo, todo o distrito de Beja (cerca de 120.000 pessoas) tem, no idealista, apenas 27 casas para arrendar. Basta colocares mais uma casa, e o mercado de arrendamento cresceu 3%. De acordo com aquela notícia que partilhei no início, o T2 que custa 400.000€ em Lisboa custa cerca de 70.000€ em Beja;

Como tudo, existe sempre o rácio risco/recompensa que deve ser equilibrado. Utilizando o exemplo do último ponto, se investires numa casa em Lisboa deves ter uma maior procura mas também há uma maior oferta. Terás, seguramente, rendas mais altas mas também um preço de aquisição mais alto. Se comprares em Beja, terás o inverso de tudo isto. Enquanto proprietário, terás muito menos "concorrência" mas também muito menos inquilinos interessados. Tens um investimento muito mais baixo mas irás também cobrar rendas mais baixas. É tudo uma questão de equilíbrio.


A mensagem que te quero passar é que não te deves esquecer que o nosso país é mais do que Lisboa e Porto e que quer estejas do lado de inquilino ou senhorio deves também olhar para outras alternativas caso o teu trabalho e vida te permita. Sabemos que tudo funciona na famosa lei de oferta e procura e esse equilíbrio é que define as regras do jogo. Se ninguém procurar, ninguém oferece e, da mesma forma, se ninguém oferecer, ninguém procura.


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